Pages - Menu

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

AlmapBBDO: Entrevista com Vanessa Marques



O aniversário foi ontem, mas a comemoração continua. Hoje, teremos a Arquiteta de Informações da AlmapBBDO, Vanessa Marques. Ela conversou com a gente e explicou como funciona a parte on-line da agência.

1 - Fale sobre a profissional Vanessa Marques.
Trabalho aqui há 2 anos como arquiteta de informações e social media, mas há 10 anos que trabalho com internet . Sou formada em desenho industrial com habilitação em programação visual, mas há muito tempo que não trabalho com design em si. Meu foco é mais em planejamento e estrutura. Aqui na Almap, tem 35 pessoas que trabalham na parte on-line, mas nós não temos alguém específico para cuidar dessa área aqui na agência. Nós partimos do princípio que todos devem entender de mídias sociais.

2 - Desde o começo da sua carreira, pensava trabalhar com as redes sociais?
Não. Na faculdade ainda não tinha essa área. Me formei em 2002, a banda-larga mal existia no Brasil, tava chegando muito devagarinho e demorou pra se estabilizar. Quando eu saí da faculdade meu foco era design, trabalhei 3 anos com isso. Mas eu gostava mais de internet, sempre fazia projetos paralelos relacionados à Web, principalmente estruturalmente. Não pensei que ia trabalhar com mídias sociais ou arquitetura de informações, porque essas profissões nem existiam quando estava na faculdade, mas foi um caminho natural e acabei chegando aqui.

3 - Como você avalia o uso das mídias sociais a favor da publicidade?
Temos que fazer um estudo de caso verdadeiro e não superficial, quando queremos entrar em alguma rede. Costumamos trabalhar por causa dos nossos clientes, pelo perfil deles, geralmente com o Facebook porque é aonde está o nosso público, nós trabalhamos mais com a classe A e B. Não é sempre, isso não é regra. Mas, de toda forma, nós temos que ter muito cuidado pelo seguinte: tudo que ‘viralizar’ na internet, o que realmente é sucesso são coisas espontâneas, que não nasceram para fazer sucesso. São coisas que não são relacionadas à marca, são coisas que fizeram sucesso porque eram boas naturalmente. É um processo muito complicado de estudar o caso, ver quais são as possibilidades para entrar em uma rede social, pois você tem uma marca atrelada a uma ferramenta. As pessoas, os usuários da internet já ficam com um pé atrás quando veem que tem uma marca por trás. Então, por mais bacana que seja aquela ação, ele vai ficar desconfiado. Nós ainda estamos analisando pra ver o que dá e o que não dá para fazer, mas já temos projetos. Fizemos uma ação para Escola Panamericana de Artes no Facebook e no Twitter, deu certo dentro das limitações dessa ação, pelo fato de ser pequena. Até porque existe um público específico, os jovens que querem estudar artes e publicidade. Ou seja, um nicho pequeno. Agora nós temos algumas ações maiores, mas elas ainda são sigilosas. Daqui a um tempinho entraremos com grandes marcas nas redes sociais, com alguns projetos relacionados com serviços, porque chegamos na seguinte conclusão: não basta você ter sua presença em uma rede social se não tiver uma finalidade, uma função. É literalmente criar um serviço. Hoje, quando tratamos de um target adulto, quase tudo tem que ter alguma presença nas redes sociais. Mesmo que seja só mídia, não precisa ser exatamente um aplicativo, uma ação, nada disso, mas a gente tá lá presente de algum jeito. Isso aumentou do começo do ano pra cá, porque não podemos abrir mão dessa presença. Mas desde muito tempo atrás fazemos ações nas redes sociais.

4 - O que é preciso para trabalhar como social media/internet na Almap?
Como eu disse, aqui não tem pessoas específicas para trabalhar nessa área. Então quem trabalha aqui na agência, tanto na parte de internet quanto off, independe do trabalho que você faça, deve entender da mídia em que vai publicar seu trabalho. Por isso, não temos especialistas em mídias sociais aqui dentro. As pessoas que trabalham com mídias on-lines, devem vir com esse background de fora, entender das mídias sociais de um jeito pleno. Não vai trabalhar só com isso, vai trabalhar como um todo. Tudo que acontece na internet a pessoa precisa saber. Não sei responder exatamente, mas a pessoa que quer trabalhar com internet de uma maneira geral, deve ser bem antenada com a cultura em geral, entender o que se passa no mundo, filmes, seriados, músicas, games, pois tudo isso nós usamos como referência para o nosso trabalho, são esses detalhes que geram conteúdo. O especialista em mídias sociais tem que entender de absolutamente tudo, tem que ser uma pessoa antenada com essa questão de overdose de informação que é a internet. Acho que um analista de mídias sociais tem que ter essa capacidade de processar essa avalanche de informações sem enlouquecer, porque tem muita gente que acaba ficando maluca com a internet. Alguém que consegue agregar as melhores partes do que está acontecendo e transformar em um conteúdo bacana.

5 - Como funciona esse processo de ‘conscientização’ do cliente em relação às mídias sociais?
É um passinho de cada vez. Você tem que criar uma cultura nova pra esse cliente que tá lidando com internet agora. Nós temos clientes que têm site institucional, mas que não têm uma presença na área de internet. Isso é tudo uma doutrina que você vai fazendo com aquele cliente. Eles ainda têm uma dificuldade de perceber e entender que demoramos 2 dias pra ficar pronto um anúncio impresso e 2 meses pra produzir um site. Tudo que envolve tecnologia e programação é mais complexo. Essa diferença de tempo o cliente ainda não pegou, porque a internet ainda é muito nova, só tem 15 anos no Brasil. Com relação às mídias sociais, eles às vezes não têm a consciência (o que é muito normal) que você cria um canal muito direto com o seu cliente, com o seu usuário, porque ele passa ter uma porta aberta direta pra entrar em contato com você, diferente de um e-mail de SAC, por exemplo. Pois quando se está em uma rede social, todo mundo vê aquele conteúdo que você está gerando: seus amigos com uma rede de 500 pessoas ficam sabendo, os amigos dos amigos. Então, essa relação que vai ampliando, que todo mundo vai assistindo é uma coisa nova para as empresas. Alguns têm medo sim, outros têm pé atrás: como que a nossa marca vai aparecer na internet? O que pode acontecer? Mas outros já estão com a mentalidade de “vamos encarar isso pra ver no que vai dar”. Nós temos todos os tipos de clientes aqui e isso depende muito da experiência profissional que cada um tem com a internet. Mas acredito que aos poucos, não vai ter mais essa resistência, porque obrigatoriamente as marcas vão estar dentro das redes sociais e prestando bons serviços para o usuário. Creio que dentro de 3 a 4 anos isso não vai mais existir.


6 - Como você vê o estágio na formação profissional?
Acho super importante, essencial, mas não precisa ser em uma grande agência. Aqui o que eu vejo é o seguinte (na minha área), a Almap não contrata só pessoas que já trabalharam em grandes agências. Você não precisa ter essa experiência, acho que o importante é fazer um estágio e aproveitar ao máximo mesmo. Porque muitas vezes a gente vê o que acontece, quando um estagiário é contratado e acaba fazendo coisas que ninguém quer fazer, que não transformam você em um profissional. Acho que independente de você estar fazendo um estágio, o importante é que você esteja vivenciando aquilo. Se você quer trabalhar com internet, é legal conviver com pessoas que realmente estão fazendo aquele trabalho que tá surtindo efeito. É importante fazer um estágio que te abra essa porta e deixa você vivenciar o que é aquela rotina de trabalho.

7 - Qual a dica que você deixa para quem está começando na profissão?
Esteja ciente que você tem que processar essa avalanche, esse volume imenso de informações que existem por aí, você precisa ter a capacidade de sintetizar isso e trazer para o seu trabalho. Acho que pessoas dispersas têm mais dificuldade de lidar com as redes sociais e internet, porque se você não tem foco realmente é muito fácil se perder nesse mar de informações. Dou uma dica básica: aprenda a escrever. Você não precisa ser um redator, mas escrevemos demais e também geramos conteúdo, então é fundamental ler bastante, vasculhar esse conteúdo de web para entender a linguagem, porque isso é diferente de linguagem publicitária e diferente de linguagem literária, é específica. E também ter um bom conhecimento de tecnologia em geral. Entenda de produção/web, desenvolvimento, as limitações de um aplicativo, limitações de uma rede social, que tipo de ação pode fazer no Twitter, que tipo de ação o Facebook suporta... É interessante conhecer a fundo como funciona a tecnologia desses sistemas que a gente usa. Se não você fica muito limitado, patinando no que vai fazer.

8 - Indique um livro.
Tenho um que uso muito e é bem específico, o Facebook Cookbook – Jay Goldman. Ele ensina muito mais do que como fazer um aplicativo, é a filosofia de uma rede social. Então ele fala qual é o tipo de conteúdo e linguagem que se deve usar pra atingir as pessoas. Esse livro trata dessa antropologia do usuário.

9 - Indique um site.
O Facebook em si é um site muito interessante, porque agrega o mundo. Se você souber usar as ferramentas da forma certa, procurar as coisas certas... Ele tem absolutamente tudo. Tem uns sites de produtos que eu acho incrível, por exemplo o Nike Running. Levou todos os prêmios de Cannes de 2006 e é um site que continua recebendo mais de 100 mil acessos por dia. É um fenômeno um site de 4 anos continuar com tantos acessos.

10 - Indique uma campanha nacional.
Vou indicar uma campanha nossa, o Greenpeace Weather que ganhou Prata em Cannes em 2008. Foi um dos maiores cases que a gente já fez. Ganhou todos os prêmios importantes de publicidade no mundo. É um game baseado em sustentabilidade, fala sobre o aquecimento global de uma forma mais delicada.


Agradecemos a Vanessa Marques pela oportunidade dada e pela conversa bem agradável que tivemos. Amanhã a entrevista com Guilherme Frioli, Coordenador de Mídia da AlmapBBDO.

Um comentário:

  1. Essa entrevista foi muito boa! A Vanessa teve toda a paciência de ouvir a gente, ouvir as dúvidas, explicar minuciosamente tudo, com vários detalhes, entendendo perfeitamente. Realmente, mais uma aula que não se esquecerá!

    ResponderExcluir