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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Borghierh/Lowe - Entrevista com Pedro Cobertt



Nessa sexta, 27, falaremos sobre a oportunidade que tivemos de conversar com o Pedro Cobertt, redator da Borghierh/Lowe. Falou sobre a sua trajetória, sua vida pessoal e deu algumas dicas para os futuros redatores e publicitários. Esperamos que gostem da entrevista.



1. Fale sobre o Pedro Cobertt.
Sou de Campinas, me mudei pra cá de 17 pra 18 anos. Tenho quatro irmãos. Não durmo, isso é um defeito, mas ao mesmo tempo vejo como uma qualidade, durmo de 4 a 5 horas por dia. Já fui maratonista, mas não tenho corrido com muita frequência por falta de tempo. Leio absurdamente o dia inteiro, principalmente em outras línguas, porque acho que conhecimento é importante, principalmente o redator que não pode ser nem um pouco mal informado. Comecei em propaganda numa agência em que meu chefe era presidente, o José Borghi, na Léo Burnet. Fui para a Age logo no início e depois fiquei um ano na W/Brasil trabalhando com o Washington Olivetto, e de lá vim para a Borghierh/Lowe.

2. Como funciona a ‘dupla de criação’ aqui na agência?
Já trabalhei em trio, aqui na agência trabalhamos em dupla. Mas tenho muita sorte por ter grandes profissionais do meu lado. Acho que a pessoa tem que ser independente, não sou um cara que logo no começo de um Job sento para trabalhar com minha dupla, gosto de me concentrar sozinho antes. Faço com que o diretor de arte também escreva, assim como eu opino nos layouts. A dupla nada mais é do que dividir um pouco as responsabilidades. Nunca faço um Job por vez, recebo vários e se você não tem alguém pra te ajudar fica mais difícil. É um trabalho gostoso que requer muita quantidade, assiduidade e dedicação. Entro cedo e saio tarde. Trabalho muito com o planejamento também, porque assim as ideias ficam mais concisas.

3. Onde você busca inspiração?
Depende do Job, porque cada um é uma nova realidade. Atendo banco, absorvente, carro, cerveja, sabão em pó. É importante você manter o hábito de ler. Não pode ficar focado numa coisa só, por exemplo, propaganda você acaba ficando igual a todo mundo, não adianta ser machista tem que ver Sex and the City, porque acaba aprendendo muita coisa de mulher. Sou contra publicitário ser tudo igual, acaba criando um biótipo. Gosto de atirar pra todos os lados, porque é importante você saber de tudo um pouco. Não fica na mesmice, não fique só na Luciana Gimenez, tem que assistir a novela das 9. Mas não tem algo em específico.

4. Foi a primeira vez que você participou do Festival de Cannes? Como foi a sensação?
Não foi a primeira vez, mas a primeira que eu senti que levei algo relevante, diferente. A sensação é ótima, principalmente porque é um filme e é muito difícil ganhar essa categoria aqui no Brasil. Sinto o dever cumprido, porque um publicitário de elite deve ter obrigatoriamente alguns prêmios no seu currículo. O mais bacana é você saber que conseguiu aprovar um bom trabalho com o cliente, o que é muito difícil hoje em dia. Perco mais tempo convencendo o cliente com uma boa ideia do que ter uma boa ideia.

5. Vocês trabalham com as redes sociais?
Todos pensam juntos e em redes sociais não é diferente. Infelizmente, no mercado brasileiro a gente não consegue fazer nada só em cima de rede social, porque não é fácil dobrar o brasileiro, mas tentamos fazer com que isso seja natural. Todas as campanhas acabam tendo ações nas redes sociais. Tanto que pegamos 4 blogueiras (uma delas está na MTV, a Mari Moon), colocamos no SPFW para observar o desfile e logo que elas chegavam em casa comentavam sobre as Melissas nas redes sociais. Deve-se trabalhar de uma forma natural e se você forçar, fica com cara de propaganda “falsa” ridiculariza a marca. Tentar tapear gente mais nova é a coisa mais ridícula do mundo, porque é o povo que mais entende de redes sociais e entende dessa tecnologia. Por exemplo, o caso do Twix. Quem trabalha com isso tem que ter cuidado.

6. Como funciona para uma pessoa ter acesso à agência?
Eu vejo pasta com o maior prazer, quase uma por dia. E é até bom pra mim, porque eu acabo ‘conversando’ e aprendendo. Pra mim é bom porque eu acabo vendo pessoas com cabeças diferentes, ideias diferentes. Lembrando que, a palavra de ordem para sua pasta é diversidade.

7. Sobre a crise criativa no Brasil, o que você tem a comentar?
Acho que não é a crise criativa, é que muitas vezes nós ficamos em cima de coisas pré-determinadas. Tenho alguns amigos que trabalham em Londres que acham que o anúncio não é mais uma coisa tão relevante. Por exemplo, há uns 2 meses atrás eu e o meu amigo passamos 10 dias em Londres criando um Job e trabalhamos com muitas duplas de outros lugares como: Tailândia, Singapura, República Tcheca. E eles tinham uma admiração pela direção de arte do brasileiro, por causa de pessoas competentes, de grandes agências. A admiração é tão grande que chega a comover. Só que eu acho que falta darmos um passo a diante. Então, não é que o Brasil passa por uma crise criativa, é que as pessoas estão indo sempre para o mesmo lado. Não procuram conhecer novas formas de publicidade.

8. Indique um livro.
O Estrangeiro, de Albert Camus. A forma como ele escreve é instigante, diferente.

9. Indique um filme.
Não tem “um filme”, até mesmo porque minha mulher diz que eu sou o cara mais eclético do mundo. Mas um que eu gostei foi o Vicky Cristina Barcelona (2008), e outro que também posso citar bem legal é o Toy Story 3 (2010) que é um filme bom pra caramba.

10. Indique um site.
Existem vários. Acho que as pessoas não podem ter uma única forma de informação. Entrem em sites de revistas, jornais, procurem saber o que acontece lá fora e o que os outros falam do Brasil.

11. Indique uma campanha nacional.
As campanhas que mais me chamam a atenção são: Brastemp, Havaianas e a dos Mamíferos da Parmalat.


Foi muito gratificante para nós mostrar um pouco mais sobre esse grande profissional. Parabéns ao Pedro e amanhã tem mais Borghierh/Lowe.

Um comentário:

  1. Ele foi super atencioso e aprendemos bastante com as experiências dele. Além disso, disse coisas que realmente acontecem no mercado publicitário, que algumas pessoas não sabiam. Demais!

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